O granito de Lavadores

Carta Geológica de Portugal (folha 9-C)  1: 50000
Carta Geológica de Portugal (folha 9-C) 1: 50000

Nesta região aflora um maciço granítico com características bem definidas e que se estende pelas regiões do Canidelo, Madalena e Valadares (Alves, 1966). É um afloramento alongado, com orientação NW-SE, com cerca de 25 km de comprimento e 4 km de largura máxima; aparece também em retalhos a norte do rio Douro, perto da foz – Praia da Luz e Castelo do Queijo (Canilho, 1975).

 

Este afloramento ígneo tem início no Cabedelo, estendendo-se para Sul onde contacta bruscamente com gnaisses leucocratas (praia das “Pedras Amarelas”).

 

O granito de Lavadores pode ser descrito, quanto à sua textura, como sendo uma rocha rósea, porfiróide, holocristalina, fanerítica de grão médio a grosseiro, essencialmente metaluminosa, sub-alcalina de origem dominantemente mantélica; cristalizou sob pressões que atingiram os 3,1 kbares e temperatura de 750 º C (Silva, 2001).

 

Praia de Lavadores
Praia de Lavadores

A textura varia ao longo da mancha, apresentando-se para sul menos porfiróide e de grão mais fino, enquanto na praia de Lavadores e Salgueiros é constituído por uma concentração extraordinária de megacristais feldspáticos, rosados uns, cinzentos outros (Canilho, 1975).  Este granito oferece uma grande profusão de concentrações melanocráticas de biotite e de encraves. Por vezes, ocorrem alinhamentos de biotite e de fenocristais resultantes do fluxo magmático (Silva & Neiva, 1999).

 

Neste granito porfiróide é notável o desenvolvimento e profusão dos cristais de feldspato, frequentemente zonados (Costa & Teixeira, 1957).

 

No seio desta litologia de cor rósea aparecem encraves melanocráticos essencialmente biotíticos e de tamanho variável. A erosão diferencial coloca-os, por vezes, em relevo positivo ou negativo, dada a sua maior ou menor resistência, respectivamente (Ferreira et al. 1995).

 

Segundo Martins et al. (2000) os primeiros trabalhos sobre a idade do granito de Lavadores devem-se a Mendes (1967/1968) que obteve uma idade de 346 ±14 M.a. (para biotite do granito de Lavadores).  Silva (1995) realizou novas análises isotópicas (Rb-Sr-rocha total) e obteve isócronas de 314±11 M.a. Martins et al. (2000) adoptaram o método geocronológico U-Pb em diferentes fracções de zircão e monazite do granito de Lavadores e obtiveram a idade de 298±12 M..a para a sua instalação.